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De desapegos da quarentena a peças de luxo: consumo consciente e preços baixos impulsionam 181 brechós na região de Piracicaba

Consumo consciente e preços baixos impulsionam 181 brechós na região de Piracicaba A região de Piracicaba (SP) reúne 181 brechós em 13 cidades, aponta um ...

De desapegos da quarentena a peças de luxo: consumo consciente e preços baixos impulsionam 181 brechós na região de Piracicaba
De desapegos da quarentena a peças de luxo: consumo consciente e preços baixos impulsionam 181 brechós na região de Piracicaba (Foto: Reprodução)

Consumo consciente e preços baixos impulsionam 181 brechós na região de Piracicaba A região de Piracicaba (SP) reúne 181 brechós em 13 cidades, aponta um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Segundo a pesquisa, a maioria dos comércios deste ramo na região são microempreendedores individuais (MEIs), totalizando 130 empreendimentos. Na sequência, estão 47 negócios na categoria microempresa (ME) e outras quatro são empresas de pequeno porte (EPP). 📲 Siga o g1 Piracicaba no Instagram 🔎 O que são essas siglas? MEI (microempreendedor individual): essa é a forma básica de constituição de uma empresa. Não pode ter sócios, e pode ter máximo de um empregado. Tem um limite de faturamento anual de no máximo R$ 81 mil, além de outros requisitos. ME (microempresa): a definição está ligada ao faturamento, que pode ser de até R$ 360 mil por ano, podendo ser uma empresa de um único proprietário ou uma sociedade com dois ou mais sócios. EPP (empresa de pequeno porte): também se refere ao faturamento permitido, que é de até R$ 4,8 milhões por ano. E, da mesma forma que a microempresa, pode ter um ou mais proprietários. Empresas por Cidade 💼 Piracicaba e Limeira (SP) reúnem a maioria dos brechós, totalizando, juntas, 109 comércios. O Estado de São Paulo soma 7.348 pequenos negócios que vendem produtos de segunda mão. Abaixo, veja os dados completos das cidades que fazem parte da região: 👇 Motivação Os resultados foram obtidos em duas sondagens, realizadas entre 23 de abril e 4 de maio deste ano. A consulta considerou, também, o comportamento de compra de 400 consumidores e frequentadores de brechós. Preços mais baixos (71%), qualidade dos produtos (45%) e sustentabilidade aliada ao consumo consciente (43%) estão entre os principais motivos que fazem o público optar por adquirir produtos de segunda mão ao invés de comprar itens novos. O "Desapegos da Má" surgiu em 2021, por iniciativa de Marcela Prata, que hoje tem 26 anos. Trata-se de uma MEI. Ela conta que a criação do comércio surgiu para se desfazer de peças que comprou e acabou não usando. "A pandemia foi logo quando eu iniciei a loja. E comprava muito e me via na situação que hoje eu vejo as minhas fornecedoras, né? A gente compra muito, você não tem nem ocasião para usar as peças e acaba enjoando rápido. É, na verdade, um consumo excessivo." Roupas penduradas em arara de brechó de Piracicaba (SP) Acervo Pessoal/Marcela Prata A empreendedora entende que os consumidores de brechós entram neste universo por conta dos valores baixos, e acabam se conscientizando a repeito do consumo consciente proporcionado pelo setor. Questionada sobre a diferença entre os brechós de hoje e os de antigamente, ela revela que a comunicação é um dos principais fatores. Seguida da relação com clientes, descrita pela comerciante como humanizada e, claro, a curadoria. "Eu sou consumidora de brechós antigos hoje em dia, e é algo que eu sinto muita diferença porque na minha loja você não tem que garimpar nada, já está tudo garimpado. [...] Eu faço toda essa curadoria antes. O que chega na loja são realmente peças muito legais que você pode comprar de olhos fechados". Dia do Brechó destaca moda sustentável e consumo consciente 🛍️ Preferências de consumo Artigos de vestuário se destacam entre os itens mais procurados pelos consumidores, segundo o levantamento: Roupas masculinas (51%) Roupas femininas (50%) Calçados (46%) Acessórios do vestuário, como bolsas, bijuterias e óculos (43%) Roupas de grife (42%) No que diz respeito à frequência de compra, 32% dos entrevistados revelaram que compram em brechós a cada dois meses, e 22% das pessoas ouvidas compram uma vez por semestre. A análise destaca, ainda, que 84% dos consumidores preferem realizar as compras em brechós físicos. Tatiana Scarpari, de 46 anos, é responsável pela administração do "Brechó da Tatti", uma MEI, que existe há 11 anos. A empreendedora conta sempre esteve conectada com o universo, por influência da mãe. Mas foi ao buscar um horário de trabalho flexível para cuidar da filha que ela se tornou empreendedora. Ela vê que o público, em geral, têm mudado de visão a respeito da compra de peças usadas. "O consumo sustentável está em alta, até porque o brechó entrega peças exclusivas, e as outras lojas têm tudo repetido. São peças únicas, peças de luxo, que você paga 80% a menos", conta. Proprietária de brechó em Piracicaba (SP) atrás de balcão do comércio Acervo Pessoal/Tatiana Scarpari A empresária afirma que o ambiente de seu comércio proporciona a ela conexão com as clientes, que trazem a ela situações inusitadas sempre que publica novidades em suas redes sociais. Uma delas foi de uma cliente que estava no semáforo e, quando viu que ela publicou um story, soltou o pé do freio e bateu no carro da frente. "Ela mandou uma mensagem de whatApp para mim: Tati, eu vou te matar", conta. Marcela, por sua vez, considera que a popularização deste segmento, principalmente com o crescimento dos brechós de luxo, tem amenizado o preconceito de pessoas com poder aquisitivo. "Os brechós de luxo estão impactando muito esse público porque aí elas gostam, né? De comprar bolsa de luxo, vamos falar, num valor mais acessível. E elas acabam entrando, colocando um pezinho nesse mundo, e aí vão explorando um pouco mais", explica. Itens de luxo 👝 O brechó administrado por Marcela não é focado em peças de grife, que possuem um custo elevado. A média de preço em sua loja é de R$ 150, sendo que há peças mais baratas e mais caras do que este valor. Mas ela afirma que abre exceções quando vê potencial e oportunidade de venda na peça. "A gente já vendeu várias peças de luxo da Gucci, Louis Vuitton, recentemente vendemos uma bolsa da Fendi". Nestes casos, é necessária uma curadoria intensa para verificar a autenticidade da peça. "Eu faço uma curadoria, autentico elas ali, baseado nos fatores, código de série, etc., e confiança na fornecedora também, né? Então, confiança de você saber que essa pessoa comprou numa loja, [verificar] a nota fiscal, etc. É uma curadoria um pouco mais chatinha de ser feita", detalha. Tatiana diz que é necessário ter experiência para realizar a curadoria de peças de grife e que existem detalhes como o selo de autenticidade que precisam ser verificados. "Não foi de cara que eu peguei uma bolsa da Chanel para identificar se ela é falsa ou não", diz. Itens comercializados em brechó de Piracicaba (SP) Acervo Pessoal/Tatiana Scarpari 🏷️ Concorrência Ambas as entrevistadas enxergam a popularização do setor, com a criação de grandes redes de brechós de forma positiva. De acordo com elas, esta difusão aumenta o público consumidor de produtos usados. "As pessoas vão vendo mais brechós, vão consumindo e a cliente que compra do brechó X compra do Y também, porque a gente tem peças diferentes", explica Marcela Prata. O recebimento de peças é o ponto mais afetado, já que as fornecedoras acabam diluindo a distribuição de itens entre todos os comércios, de acordo com ela. "Quando eu comecei, vinha muita coisa para mim. Hoje em dia, já vai um pouco para mim, um pouco para fulano e um pouco para ciclana", conta. *Sob supervisão de Claudia Assencio. VÍDEOS: tudo sobre Piracicaba e Região Veja outras notícias sobre a região no g1 Piracicaba

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